The Lurker volta ao Rio - (ou garçom, tem uma cereja no meu dry martini)
O Rio de Janeiro não é, definitivamente, local para se estar a trabalho (ainda mais nas férias dos outros – tanto pior se o trabalho for em um fim de semana).
Primeiro, a temperatura é absolutamente proibitiva para que tem que andar “empacotado”. Terno e gravata deveriam ser abolidos no verão. Segundo porque trabalhar parece ser a última das opções de todos os viventes que estejam em idade produtiva. E todo mundo acha divertido, do assensorista ao diretor de corporação, curtir com a cara do "paulista" que tem que andar com o penduricalho (gravata, bem entendido) no pescoço.
De maneira semelhante à Bahia, um dos aspectos mais interessantes da cidade está relacionado à própria população.Via de regra, a receptividade é positiva a brincadeiras que se faça e as pessoas, não importa sua formação, são capazes de articular frases como “preciso levar minha mãe ao cirurgião maxilo-buco-facial” sem fazer careta, nem perder o rebolado, como certos habitantes de outras plagas. Neste sentido cabe a reprodução de alguns diálogos peculiares:
No lobby do Palace
Recepcionista – Are you with the consultive group for CESPE?
The Lurker (aceno afirmativo de cabeça).
R. – Lunch is going to take place at the Cipriani, sir.
TL – Thank you kindly for addressing me in English, but you can do it just as well in Portuguese, as I´m used to (wink).
R. – (sorriso) É que dois estrangeiros já estiveram aqui e imaginei que o Sr. estivesse com eles.
TL. – Logo vi. Mas seu inglês estava tão simpático que não vi motivo para interrompê-la.
R. – (risos) Obrigada. We try our best…
No Empório Verde
The Lurker – Estou procurando por umas balas de tamarindo que existem aqui pelo Rio. Me disseram que vocês tem.
Atendendente – Um minuto só
Senhora – Essas balas são boas?
TL– São feias feito o pecado, tem uma embalagem pior do que biscoito Globo, mas são deliciosas.
S. – Feia feito o pecado! (risos) essa eu nunca havia escutado!
TL – Tenho uma amiga que se refere à elas com “feias como um susto e uma corrida”. Também descreve adequadamente.
(a atendente chega com as balas)
TL – A senhora gostaria de experimentar.
S – Depois dessa descrição, gostaria de pelo menos vê-las antes!
A trilha musical da viagem é cortesia de Carlos Silva Matos, taxista que prepara seus próprios CDs com um bom gosto que deveria ser mais praticado por certas rádios que estão por aí. Cruzando a Lagoa, no caminho da Cobal de volta para Copacabana, Sinatra cantava Let me Try Again, seguido por Nat King Cole com seu The Very Thought of You . Agora imagine isso com as luzes refletidas, o Rio aceso e o tráfego fluindo tranqüilo em uma noite estrelada e com uma árvore de natal “aquática” lançando luzes para o céu.
The Lurker Says: Hemingway disse "ver Paris e depois morrer"... Perdoe-o: ele ainda não conhecia o Rio...
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